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     Strategic orientation for 2013-2016


Ao assumir a responsabilidade de me candidatar novamente à coordenação do IN+, depois de ter assumido a sua criação e afirmação inicial entre 1998 e 2004, gostava de explicitar de forma breve algumas das ideias que me inspiram e motivam, assim como identificar os principais desafios e oportunidades que gostava de voltar a partilhar com todos os investigadores que queiram trabalhar no IN+.

Antes de mais, quero começar por manifestar e reconhecer a extrema dedicação, sensibilidade e amizade com que o Paulo Ferrão coordenou o Centro desde 2005. O IN+ conta hoje com instalações em locais diversificados e renovados na Alameda e no Taguspark e, sobretudo, com um conjunto reforçado de jovens investigadores e de atividades de formação avançada, designadamente ao nível doutoral e em estreita relação com instituições líderes a nível mundial, com o tecido industrial e com atores governamentais em Portugal e no estrangeiro. São lições que temos de promover e continuar a reforçar, no sentido em que o crescimento do IN+ deve sempre valorizar a sua coerência científica e o debate das ideias, privilegiando o conteúdo, a aspectos meramente quantitativos.

É assim num contexto de "reforço e inovação na continuidade", mas também num contexto externo fortemente condicionado por uma crise financeira internacional com grandes desafios para Portugal e, sobretudo, para as comunidades académicas e de investigação, que gostaria de facilitar nos próximos anos os seguintes aspectos e princípios orientadores para o IN+:
  • Promover e reforçar o "debate de ideias", orientado para estimular a produção e a difusão de novos conhecimentos, assim como a afirmação nacional e internacional do IN+ e dos seus investigadores. O cruzamento de saberes, disciplinas e contextos institucionais faz parte da vocação do IN+ e deve ser estimulado no âmbito de "seminários livres" e outras formas de diálogos e encontros.

    Entre outros aspectos, o recente lançamento das séries de workshops sobre "Industrialização, geografia e políticas de desenvolvimento", "diálogos em ciência, tecnologia e sociedade" e "Diálogos urbanos: riscos e resiliência", deve ser aprofundado e alargado a outras áreas e temas de intervenção dos investigadores do IN+.

    Promover o debate livre de ideias na academia e na sociedade, formar novos investigadores, atrair e incentivar estudantes a aprender a aprofundar conhecimentos e a estimular o prazer de questionar nas áreas de intervenção do IN+, devem constituir os nossos princípios basilares, que devem ser estimulados em continua interação com atores sociais, culturais, económicos e políticos.

  • Estimular a "especialização e valorização dessas ideias", designadamente sob a forma de "Programas" especializados de âmbito nacional e/ou internacional, facilitando o cruzamento de saberes e competências entre os vários Laboratórios do IN+ e, se adequado, em estreita cooperação externa.

    A afirmação da capacidade científica e das competências hoje existentes no IN+ requerem pensar e implementar formas adequadas e inovadoras de intervenção, facilitando a valorização de oportunidades emergentes em áreas específicas. Da indústria aos contextos urbanos e aos sistemas sustentáveis de energia, passando por políticas públicas e de desenvolvimento, a intervenção do IN+ deve ter por referência as melhores práticas internacionais de organização e intervenção de centros de investigação que têm emergido em áreas relevantes do saber.

    Entre outros aspectos, o atual "Laboratório de Combustão" deve ser estimulado a modernizar-­-se, designadamente no contexto do projeto e concepção das futuras gerações de sistemas de energia, incluindo exploração, produção e utilização de combustíveis, mas também formas renováveis de energia; o "Design Studio" deve ser revisitado, juntamente com o reforço do acesso de estudantes e investigadores a oficinas, de forma a valorizar atividades de projeto e do tipo "hands-­-on" no IST; o Laboratório de Reciclagem e Valorização de Resíduos deve ser formalmente integrado no IN+; devendo ainda ser estimuladas formas de "Laboratórios de Participação Pública", quer em aspectos dos sistemas sustentáveis de energia, quer na área da gestão e comercialização de tecnologia e de políticas públicas. As oportunidades para a criação de uma rede de "Laboratórios de Inovação Industrial" devem ser estudadas e, se adequado, promovidas.

    A dinamização em 2011, pelo IN+, do International Risk Governance Council – Portugal (i.e., IRGC Portugal), integrando uma rede académica nacional na área da governança de riscos sistémicos e consequente análise de políticas de ciência e tecnologia no âmbito de uma rede internacional de prestigio, deve ser incentivada, promovida e alargada a domínios do ensino avançado e da ligação com atores sociais e económicos.

    Também, a experiencia do IN+ em facilitar períodos de incubação, nos nossos laboratórios e espaços, de novas empresas de base tecnológica criadas pelos nossos alunos e investigadores deve ser alargada, promovida e estimulada. Em particular, a experiencia recente das relações entre o IN+ e as empresas Cell2B e a Watt-IS confirmam o valor estratégico destas relações, desde que devidamente geridas de forma a evitar quaisquer conflitos de interesse.

  • Reforçar a "internacionalização e diversificação das fontes de financiamento", assegurando a atração contínua de investigadores e estudantes a nível internacional, assim como a integração dos investigadores do IN+ em redes internacionais de produção e difusão de conhecimento. Neste contexto, deve-­-se privilegiar "residências" de investigadores estrangeiros no IN+, assim como períodos de mobilidade de curta e média duração de investigadores do IN+ no estrangeiro, como forma de reforçar ligações pessoais, profissionais e institucionais com centros de investigação, universidades e empresas de várias regiões do mundo.

    Entre outros aspectos, o esforço dos últimos anos de cooperação com instituições líderes a nível mundial (sobretudo o MIT, CMU, UT Austin e KIC Innoenergy), com o tecido industrial e com atores governamentais no estrangeiro, designadamente ao nível doutoral e pós-­-doutoral, deve ser reforçado e alargado.

    Em particular, o exemplo da cooperação em sistemas sustentáveis de energia com o Banco Asiático de Desenvolvimento e o Banco Interamericano para o Desenvolvimento deve ser seguido, estimulado e alargado a outros sectores.

    A cooperação no contexto Europeu, designadamente no futuro quadro de financiamento da investigação na Europa, deve ser considerada prioritária, juntamente com a cooperação com o Brasil. Neste contexto, o potencial para uma nova centralidade estratégica e geopolítica do Atlântico Sul deve ser particularmente considerado no planeamento das atividades do IN+, quer em termos de desenvolvimento científico, quer de estratégias de desenvolvimento industrial.

    Ainda neste contexto, a experiência de mais de 30 anos de organização do Simpósio Internacional de Aplicações de Tecnologias Laser, organizado em Lisboa desde 1982, deve ser continuamente reforçada, apoiada e devidamente valorizada. Por outro lado, a organização da série de Conferencias Internacionais de Política Tecnológica e Inovação deve ser revisitada em estreita colaboração internacional. Adicionalmente, a responsabilidade do IN+ de organizar em 2013 a Conferência Latino-Ibero Americana de Gestão de Tecnologia, ALTEC 2013, deve ser valorizada de forma a garantir a afirmação do Centro no contexto da América Latina.

  • Estimular a "ligação ao ensino", a todos os níveis, da graduação à formação pós-doutoral, incentivando formas de intervenção ativa de estudantes em atividades de investigação e as praticas do ensino baseado em projeto.

    Entre outros aspectos, as temáticas da inclusão social devem ser promovidas no contexto do relacionamento entre atividades de ensino e investigação, estimulando novas práticas de aprendizagem e a promoção de novos espaços de investigação. O recente lançamento da iniciativa "Laboratórios na Rua" representa um desafio que interessa promover, estimulando novas oportunidades de intervenção para o IN+ e seus investigadores, em estreita ligação com estudantes do IST.

    Adicionalmente, a coordenação por investigadores do IN+ dos Programas doutorais do IST em "Sistemas Sustentáveis de Energia" e em "Engenharia e Políticas Públicas" deve ser reforçada e alargada a outros eventuais programas ao nível de mestrado e de formação pós-­-doutoral, sempre que venha a ser considerado adequado e oportuno. Por exemplo, o lançamento de "Escolas de Estudos Avançados", designadamente na forma de seminários livres, de âmbito nacional ou internacional, deve ser incentivado.

Estas ideias, entre outras que venham a ser discutidas e promovidas por investigadores do IN+, devem orientar-se por um objectivo claro de reforço da intervenção do IN+ como um espaço moderno e apelativo de investigação universitária ao melhor nível internacional nas suas áreas de trabalho.

É ainda neste contexto que a integração do IN+ no Laboratório Associado LARSYS deve ser garantida e promovida, valorizando novas oportunidades e facilitando os desafios crescentes que sabemos ter de enfrentar nos próximos anos. Devemos ainda atrair para o IN+ uma rede de investigadores associados e de "Senior Research Fellows", valorizando contactos e rotinas de interação sistemática com peritos nacionais e estrangeiros.

Em 2013 o IN+ celebra 15 anos desde a sua criação. Proponho assim o lançamento de uma nova iniciativa, "IN+15", a planear com a intervenção de todos os investigadores, mobilizando interesses e saberes em torno da nossa afirmação colectiva.

MANUEL HEITOR, January 2013